segunda-feira, 26 de abril de 2010

Explorando Pedagogicamente as Regras do Handebol – A Equipe, o Goleiro e a Área do Goleiro, por Lucas Leonardo

Continuando o estudo que visa explorar pedagogicamente as regras oficiais do handebol, comentarei agora sobre as regras que incidem nos goleiros e na formação de uma equipe. (Fonte: http://www.ligahand.com.br/confe/regrasl.php)

Regra IV – A Equipe, Substituições e Equipamentos (Regra colocada parcialmente, dando ênfase para a formação da equipe, apenas)

4.1 Uma equipe consiste de 14 jogadores.
Não mais do que 7 jogadores podem estar presentes na quadra de jogo ao mesmo tempo. Os demais jogadores são substitutos.

Durante todo o tempo do jogo, a equipe deve ter um dos jogadores na quadra designado como goleiro. Um jogador que está jogando na posição de goleiro pode se tornar um jogador de quadra a qualquer momento. Do mesmo modo, um jogador de quadra pode se tornar um goleiro a qualquer momento (ver, contudo, Regras 4.4 e 4.7).

Uma equipe deve ter pelo menos 5 jogadores na quadra no começo do jogo.

O número de jogadores da equipe pode ser aumentado até 14, a qualquer momento durante o jogo, incluindo o período extra.

O jogo pode continuar mesmo se uma equipe ficar reduzida a menos de 5 jogadores na quadra. Depende dos árbitros julgarem se e quando o jogo deveria ser suspenso permanentemente (17.12).

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Regra V – O Goleiro

Ao goleiro é permitido:
5.1 Tocar a bola com qualquer parte do seu corpo enquanto numa tentativa de defesa, dentro da sua área de gol.
5.2 Mover-se com posse de bola dentro da área de gol, sem estar sujeito as restrições aplicadas aos jogadores de quadra (Regras 7.2-4, 7.7); ao goleiro não é permitido, contudo, atrasar a execução do tiro de meta (Regras 6.4-5, 12.2 e 15.5b);
5.3 Sair da área de gol sem a bola e participar do jogo na área de jogo; enquanto fizer isto, o goleiro se sujeita às mesmas regras aplicadas aos jogadores na área de jogo;
O goleiro é considerado fora da área de gol tão logo qualquer parte de seu corpo toque o solo no lado de fora da linha da área de gol;
5.4 Sair da área de gol com a bola e jogá-la de novo no área de jogo, se ele não tiver o completo controle da mesma.

Ao goleiro não é permitido:
5.5 Colocar em perigo o adversário enquanto em uma tentativa de defesa (8.2, 8.5);
5.6 Sair da área de gol com a bola sob controle ; isto conduz a um tiro livre (de acordo com 6.1, 13.1 a, e 15.7, 3º parágrafo), se os árbitros tinham apitado para a execução do tiro de meta; senão, simplesmente se repete o tiro de meta (15.7, 2º parágrafo); (ver, contudo, a interpretação da vantagem em 15.7, se o goleiro estava para perder a bola fora da área de gol após ter cruzado a linha com a bola em suas mãos);
5.7 Tocar a bola quando ela está parada ou rolando no solo do lado de fora da área de gol, enquanto ele estiver dentro da área de gol (6.1, 13.1 a);
5.8 Levar a bola para dentro da área de gol quando ela está parada ou rolando no solo no lado de fora da área de gol (6.1, 13.1 a);
5.9 Reentrar na área de gol vindo do terreno de jogo com posse de bola (6.1, 13.1 a);
5.10 Tocar a bola com o pé ou a perna abaixo do joelho, quando ela estiver parada no solo na área de gol ou movendo-se para fora em direção à área de jogo (13.1 a);
5.11 Cruzar a linha de limitação do goleiro (linha de 4 metros) ou sua projeção em ambos os lados, antes que a bola tenha saído da mão do adversário que está executando um tiro de 7 metros (14.9).

Regra VI – A Área de gol

6.1 Somente ao goleiro é permitido entrar na área de gol (ver, contudo, 6.3). A área de gol, que inclui a linha da área de gol, é considerada invadida quando um jogador de quadra a toca com qualquer parte de seu corpo.

6.2 Quando um jogador de quadra entra na área de gol, as decisões devem ser as seguintes:

* tiro de meta quando um jogador de quadra da equipe que está em posse de bola entra na área de gol com a bola ou entra sem a bola, mas ganha vantagem fazendo isto (12.1);
* tiro livre, quando um jogador de quadra da equipe defensora entra na área de gol e ganha vantagem mas sem impedir uma chance de marcar um gol (13.1b), ver também Esclarecimento nº 5.1;
* tiro de 7 metros, quando um jogador de quadra da equipe defensora entra na área de gol e por causa disto impede uma clara chance de marcar um gol (14.1 a).

6.2 Entrar na área de gol não é penalizado quando:

1. um jogador entra na área de gol depois de jogar a bola, desde que isto não crie uma desvantagem para os adversários;
2. m jogador de uma das equipes entra na área de gol sem a bola e não ganha vantagem fazendo isso.

6.3 A bola é considerada estar “fora de jogo” quando o goleiro a controla com suas mãos dentro da área de gol (12.1). A bola deve ser colocada de volta em jogo através de um tiro de meta (12.2).

6.4 A bola permanece em jogo, enquanto ela está rolando no solo dentro da área de gol. Ela está em posse da equipe do goleiro e somente o goleiro pode tocá-la. O goleiro pode pegá-la, o que a trará para fora de jogo, e então colocá-la novamente em jogo, de acordo com 6.4 e 12.1-2 (ver, contudo, 6.7b). Isto conduz a um tiro livre (13.1 a) se a bola for tocada por um companheiro do goleiro enquanto ela estiver rolando (ver, contudo, 14.1 a, em conjunto com o Esclarecimento nº 8c), e o jogo será continuado com tiro de meta (12.1 (iii)) se ela for tocada por um adversário.

A bola está fora de jogo, logo que ela estiver parada no piso dentro da área de gol (12.1 (ii)). Ela está em posse da equipe do goleiro e somente o goleiro pode tocá-la. O goleiro deve colocá-la novamente em jogo de acordo com 6.4 e 12.2 (ver, contudo, 6.7b).

Permanece como tiro de meta se a bola for tocada por qualquer outro jogador de qualquer equipe (12.1, 2º parágrafo, 13.3).

Está totalmente permitido tocar a bola quando ela estiver no ar sobre a área de gol.

6.5 A bola permanece em jogo, enquanto ela está rolando no solo dentro da área de gol. Ela está em posse da equipe do goleiro e somente o goleiro pode tocá-la. O goleiro pode pegá-la, o que a trará para fora de jogo, e então colocá-la novamente em jogo, de acordo com 6.4 e 12.1-2 (ver, contudo, 6.7b). Isto conduz a um tiro livre (13.1 a) se a bola for tocada por um companheiro do goleiro enquanto ela estiver rolando (ver, contudo, 14.1 a, em conjunto com o Esclarecimento nº 8c), e o jogo será continuado com tiro de meta (12.1 (iii)) se ela for tocada por um adversário.

A bola está fora de jogo, logo que ela estiver parada no piso dentro da área de gol (12.1 (ii)). Ela está em posse da equipe do goleiro e somente o goleiro pode tocá-la. O goleiro deve colocá-la novamente em jogo de acordo com 6.4 e 12.2 (ver, contudo, 6.7b).

Permanece como tiro de meta se a bola for tocada por qualquer outro jogador de qualquer equipe (12.1, 2º parágrafo, 13.3).

Está totalmente permitido tocar a bola quando ela estiver no ar sobre a área de gol.

6.6 O jogo deve continuar (através de um tiro de meta segundo a regra 6.4-5) se um jogador da equipe defensora tocar a bola quando em um ato de defesa, e a bola é agarrada pelo goleiro ou vem a permanecer dentro da área de gol.

6.7 Se um jogador jogar a bola dentro de sua própria área de gol, as decisões devem ser as seguintes:

* gol, se a bola entrar na baliza;
* tiro livre, se a bola vier a permanecer dentro da área de gol, ou se o goleiro tocar a bola e ela não entrar na baliza (13.1 a-b);
* tiro lateral, se a bola sair pela linha de fundo (11.1);
* o jogo continua, se a bola passar através da área de gol e voltar para o área de jogo, sem ser tocada pelo goleiro.

6.8 A bola que retorna da área de gol para a área de jogo permanece em jogo.

Considerações Pedagógicas sobre as regras do Goleiro de Handebol e a Formação da Equipe

Foco nas considerações sobre o goleiro

Falar do goleiro sempre é uma tarefa importantíssima na iniciação do handebol. Como principais pontos a serem esclarecido nesse artigo, citarei especificamente como as regras que falam (1) do fato de este poder jogar normalmente como um jogador de quadra ter a partir disso sobre ele a aplicação das mesmas regras que os jogadores de quadra; e (2) existência de uma área exclusiva ao goleiro; podem ser compreendidas e consideradas num processo pedagógico do handebol.

Atuando como jogador de quadra e as considerações pedagógicas

Ao observar que o goleiro pode sair livremente de sua área sem a posse de bola e atuar como um jogador de quadra torna-se possível verificar a importância de, em um processo de iniciação à modalidade, o goleiro não vir a ser uma posição específica do processo pedagógico, mas sim como um conteúdo que deve abranger toda a iniciação da modalidade, a final, segundo esclarece as regras, o goleiro pode jogar na quadra, normalmente, porém, o jogador de quadra não pode atuar como goleiro.
Todos os alunos devem vivenciar situações de proteção de alvos variados (mini ou grandes gols, cones, áreas e etc..) além da vivência das ações da quadra, pois numa perspectiva global de ensino não podemos pensar em hipótese alguma na especialização de goleiros apenas no gol e de jogadores de quadra apenas na quadra, uma vez que verificamos que um goleiro pode atuar tanto dentro quanto fora de sua área.

A área exclusiva e as considerações pedagógicas

Outro fato importante a ser destacado é a existência de uma era exclusiva para o goleiro. Observando esse fato, mostra-se uma grande diferenciação que o goleiro de handebol poderá ter se comparado a goleiros de outras modalidades, como o futsal e o futebol.
A bola, ao adentrar na área e ter o contato do goleiro passa, segundo as regras a ser compreendida como bola “fora de jogo”, e esta só voltará a entrar em jogo caso o goleiro a reponha para fora dessa área.
Portanto, havendo essa característica, observa-se como os goleiros de handebol podem dissociar a forma de defender se alvo apenas da utilização das mãos, pois devido à existência de uma área que seja exclusiva a ele, o goleiro poderá apenas interceptar a bola, sem a preocupação em dar, ou não, rebote, pois mesmo que o rebote seja dado e a bola ainda estiver em sua área, ela estará “fora de jogo”, segundo as regras.
Na iniciação, portanto, as atividades de aprendizagem das situações do goleiro devem contar com a presença de regras que estimulem ao aluno que está protegendo um alvo, a possibilidade dele “dar rebotes” sem que isso seja um problema grave para sua equipe, estimulando assim, a utilização dos pés, do braço e do tronco, além de suas mãos.
Isso pode se dar através de jogos em que existam áreas exclusivas dividindo duas equipes (Queimadas, Jogos de Rede em que a bola não possa cair no chão de primeira, jogo de alvos com a existência de áreas exclusivas para um defensor dos alvos, e outras adaptações).

Foco sobre a formação da equipe

Analisando a formação da equipe, nos deparamos inicialmente com números – “não menos que 7 jogadores podem estar presentes na quadra ao mesmo tempo”.
Verificamos, porém, que uma partida pode ser iniciada mesmo que haja apenas 5 jogadores de quadra e ainda é possível perceber pelas regras que em alguns momentos da partida, poderá existir um número ainda menor de jogadores de uma equipe.
Portanto, o número de jogadores de uma equipe num jogo formal pode variar e, portanto, faz-se necessário que jogos com variação de números de jogadores façam parte do processo pedagógico.
Unindo essa idéia de “variação de número de jogadores” com a idéia tratada no artigo anterior de adaptação de tamanho da quadra (clique aqui e veja o artigo anterior) torna-se importante que as várias situações numéricas de um jogo de handebol sejam vivenciadas (1×1, 2×2, 3×3, 3×2, 4×3, 4×2, 5×1, 5×5 e etc..).
Isso não impede que jogos com mais que 7 jogadores por equipe possam ser feitos, isso, pensando num processo de iniciação, torna-se também necessário, aumentando o suporte de jogadores para os iniciantes, ajudando a realização de passes e facilitando encontrar colegas desmarcados para que o jogo aconteça.
Greco & Benda (1998 ) destacam a utilização de uma “metodologia situacional” onde as situações do jogo, com variado número de jogadores das equipes sejam exploradas.

Bibliografia

GRECO, Pablo Juan., BENDA, Rodolfo Novellino. Iniciação esportiva universal: da aprendizagem motora ao treinamento técnico. Belo Horizonte: UFMG, 1998