segunda-feira, 30 de maio de 2011

Categorias Pré-Mirim e Mirim – Principais Objetivos Pedagógicos

Categorias Pré-Mirim e Mirim – Principais Objetivos Pedagógicos

27 maio 2011 por Lucas Leonardo

Olá, depois de algum tempo (devido à correria do dia-a-dia), volto a postar.

Resolvi escrever um pouco sobre aquilo o que considero que, dentro do que estudo sobre Pedagogia do Esporte, deve ser compreendido como conteúdo de aprendizagem em categorias menores no handebol (pré-mirim e mirim).

Características desta faixa etária quanto à compreensão do jogo:

Alunos com 10, 11 e 12 anos (em sua maioria) entendem que o jogo é centrado na bola, logo, a ideia de fazer gols e proteger seu alvo é secundária à intenção de ter a bola. Dessa forma, podemos entender que as crianças não jogam o handebol em sua lógica cabal nesse período, mas sim um jogo de bola com as mãos em que ter a bola é o objetivo primário.

Objetivos Gerais de Aprendizagem:

Desenvolver nos alunos a compreensão de que o handebol é uma relação entre bola e os alvos do jogo, de forma que ter a bola é bom, mas deixá-la aproximar-se muito de seu gol não é o ideal, ao mesmo tempo em que tentar ter a bola o mais próximo do alvo adversário facilita que se atinja vantagem favorável no placar da partida.

Princípios Ofensivos a serem Ensinados:

* Gostar de ter a bola;
* Gostar de estar livre para receber a bola;
* Gostar de estar próximo ao seu companheiro quando estiver livre;
* Gostar da ajuda de seus companheiros;
* Aprender a buscar espaços vazios para receber a bola, estando em progressão ao gol adversário;
* Aprender a ultrapassar adversários quando estiver em posse de bola (princípio da finta, difícil de ser explorado intuitivamente pelo aluno)
* Ser objetivo com a bola – buscar o gol (tentar ocupar a região central da quadra e não as laterais);

Princípios Defensivos a serem Ensinados:

* Tentar ter a bola a todo o momento;
* Proteger o alvo afastando a bola de perto dele;
* Em bolas paradas, não ficar próximo à bola, mas manter contato e proximidade com os adversários livres;
* Aprender que para ter a bola deve ao mesmo tempo proteger seu alvo (ficar entre a bola e seu gol);
* Ao perder a posse da bola, colocar-se rapidamente à frente de seu adversário mais próximo (deslocar-se para trás, ocupando o espaço que o adversário quer percorrer);
* Aprender a lidar com contato físico (entender que isto é normal no jogo de handebol);
* Aprender a defender com o tronco à frente do adversário;
* Não estimular a violência na defesa, evitando faltas sem sentido tático (faltas quando jogadores deslocam-se para a linha de fundo, longe dos gols, ou mesmo quando o adversário ainda está muito longe do seu gol e não demonstra atitudes perigosas)

Aspectos Técnico-Táticos Ofensivos a serem Explorados:

* Ocupar espaços vazios sem bola;
* Ocupar espaços vazios em progressão sem bola (às costas e à frente do marcador);
* Aprender a parar rapidamente sua trajetória sem bola caso receba a bola e tenha um adversário estiver à sua frente (fixação);
* Fintar se o espaço vazio for ocupado pelo adversário (utilizar o ritmo trifásico taticamente);
* Finalizar estando em progressão ao alvo corrigindo o corpo sempre em direção ao gol;
* Aprender a arriscar na finalização (buscar extremos do gol – próximo às traves) retirando a finalização do centro geométrico das traves.

Aspectos Técnico-Táticos Defensivos a serem Explorados:

* Equilibrar-se com seu adversário (colocar-se sempre entre o adversário e gol, com e sem bola);
* Antecipar passes, controlando seu adversário (procurar a bola, mas manter contato físico com o adversário);
* Aprender a alinhar seu tronco ao do adversário quando este tentar ultrapassá-lo com bola (evitar agarrões laterais);
* Aprender a recuar o mais rápido possível em direção ao espaço desejado pelo adversário com bola, caso o adversário o ultrapasse (evitar empurrões laterais e pelas costas);
* Quando em contato com o adversário, buscar sempre a bola, evitando que o braço do adversário fique livre mesmo com o contato físico;
* Aprender a não fazer faltas quando a bola estiver longe de seu alvo, pois a falta desnecessária beneficia o atacante;
* Aprender a fazer faltas, quando o adversário estiver muito próximo a seu alvo, através de contatos frontais.

Conclusões:

Trata-se de bastante conteúdo não? Utilizando-se desses conteúdos durante suas aulas, no entanto, é necessário que haja coerência pedagógica quando se trata do momento competitivo, ou seja, da preparação para o jogo.

Se observarmos tais princípios e aspectos táticos elencados, qual tipo de estratégia defensiva deverá orientar sua equipe? Qual estratégia ofensiva deverá ser utilizada nas partidas?

Se considerarmos que os alunos encontram-se ainda em fase de transição de um jogo de bolas com as mãos para o handebol propriamente dito (pois dentre os principais objetivos de ensino está compreender que o handebol tem dois gols, um atacar e um a defender e que ter a bola só é bom quando se entende que se deve afastá-la de seu alvo e aproximá-la do alvo adversário), de nada adianta ensinar estes aspectos supracitados e empregar uma defesa 6:0, padronizada por ações lateralizadas (que não respeita a principal característica dos alunos, que é querer a bola – para eles, ainda o principal referencial do jogo) e adotar uma postura zonal quando atacando – jogar com um pivô, armadores e pontas – pois o jogador não saberá entender esta disposição tática, uma vez que por querer a bola a todo instante, ele terá um grande conflito por ter que ficar esperando a bola passar de mão em mão até chegar nele.

Deve-se jogar prioritariamente com defesas individualizadas (que podem até não dar os melhores resultados inicialmente, mas que trarão a seus alunos, com maior precocidade a compreensão de que handebol é um jogo em que se um jogador falhar defensivamente, toda equipe será prejudicada e que colocar-se entre o adversário e a baliza é uma ação taticamente inteligente, enquanto que o jogar em zonas baixas imediatamente, esse conceito deixará de ser compreendido de forma inteligente).

Deve-se jogar, ofensivamente, sem referências zonais, mas sim tendo na busca de espaços vazios sem bola e em progressão ao alvo (quais quer que sejam os espaços), entendendo que aproximar-se do companheiro marcado, desmarcando-se é inicialmente a melhor forma de organizar o jogo.

Existem, claro, aqueles que condenam este ponto de vista, atestando que escolas tradicionais européias, como a alemã, iniciam seu jogo nas idades menores por defesas baixas e sempre foram potências do handebol mundial. Mas duvido que a defesa “baixa” alemã, seja uma defesa passiva ao ataque, como, de forma estereotipada, fazemos muitas vezes ao colocar barreirinhas defensivas que se deslocam apenas para os lados.

Não venho aqui para dizer se isso é melhor do que aquilo, venho apenas apontar o que estudos aos quais tenho contato e costumo divulgar neste espaço acabam por indicar como uma forma adequada de ensinar handebol na iniciação.