sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Em Busca da Defesa Ideal - Walter Hollanda

Em Busca da Defesa Ideal
Por: Walter Hollanda 15 outubro 2009 268 Já leram Comentários (1)
A fase defensiva representa o intervalo de tempo compreendido entre o momento em que a equipe perde a posse de bola e o instante em que a recupera. Neste intervalo de tempo, a equipe que defende procura recuperar a posse de bola, com vista à realização de ações ofensivas, sem cometer infrações e sem permitir que a equipe adversária faça gol. (Gomes, F.)
Dividimos o processo defensivo em quatro fases:

•Equilíbrio defensivo.
•Momento da perda da posse da bola.
•Recuperação defensiva.
•Defesa organizada.

A primeira fase do processo decorre em parte durante o ataque, pois é inicialmente realizada pelos jogadores que não tendo um papel ofensivo a realizar num determinado momento, ocupam o espaço preparando a fase de jogo seguinte (Castelo, 2003). É exemplo disso a colocação adiantada do goleiro retardando ou impedindo o contra-ataque direto da equipe adversária ou a antecipação da ação de recuar no campo pela ponta ou lateral contrários ao lado da finalização.
A segunda se inicia no momento em que a equipa perde a posse de bola, sendo importante que a equipe assuma rapidamente uma atitude defensiva. Esta importância é destacada por Antón (2000) nos princípios específicos do jogo. Esta segunda fase caracteriza-se pelo assumir das responsabilidades defensivas, iniciando uma ocupação dos espaços segundo uma estratégia que assegure o equilíbrio defensivo e perturbe a organização ofensiva da equipa adversária.
A terceira fase do processo defensivo, representa o tempo que a equipe necessita para se organizar posicionalmente no seu sistema defensivo. Esta fase, caracteriza-se pela ocupação, por cada atleta, do seu posto específico dentro do sistema defensivo utilizado.
A quarta e última fase do processo em questão, inicia-se a partir do momento em que a equipe está organizada no seu sistema. Todos os jogadores ocupam o seu posto específico dando início ao desenvolvimento dos meios do jogo defensivo (Fernandez & Melendez-Falkowski, 1988; Antón, 2002).
SISTEMATIZAÇÃO E TENDÊNCIA EVOLUTIVAS
No handebol, a classificação dos sistemas defensivos realiza-se através da definição do número de jogadores que formam cada uma das linhas defensivas, ou pelo número de jogadores em defesa à zona ou em defesa individual. Limitado pelo número de jogadores, podemos ter uma, duas ou três linhas defensivas.
Dentro desta possibilidade, os sistemas defensivos mais utilizados são o 6:0 e 5:1. Para além destes existem outros quatro sistemas que são utilizados como alternativa, tais como 3:2:1, 4:2, 3:3 e 1:5. No grupo dos sistemas denominados de “mistos”, são mais utilizados o 5+1 e o 4+2, podendo por vezes em momentos especiais do jogo (superioridade numérica, fase terminal do jogo ou outra) aumentar o número de marcações individuais até chegar ao sistema defensivo H:H.

Com isso o handebol moderno desenvolveu perfis de defensores, os quais são muito requisitados pelos treinadores modernos: os “neutralizadores-bloqueadores”, caracterizados por serem atletas de grande altura, envergadura e peso associados a uma boa cultura tática defensiva. Atuam no setor central do sistema defensivo e garantem uma proteção da baliza, (Defensores centrais da Rússia, Suécia e França) e os “perturbadores-interceptadores”, atletas de elevada disponibilidade motora e mental, associadas a uma grande inteligência tática e elevada mobilidade que permitem torná-los como exímios interceptadores da bola (Defensores avançados da França, Rússia e Espanha).
No Brasil não é diferente do resto do mundo, embora nossas equipes não tenham em seus planteis jogadores com uma envergadura como as dos europeus, não ficamos atrás neste conceito. Nossas quatro melhores equipes adotam dois destes sistemas acima citados, mas como sistema padrão preferem o 5:1. Aliás seus treinadores têm uma grande simpatia pelo sistema defensivo 5:1, e o 6:0 é uma alternativa quando as coisas não vão muito bem. É verdade que variações acontecem principalmente em superioridade ou em inferioridade numérica, alguns treinadores até têm avançado muito suas defesas em alguns momentos, mas não é comum assistirmos isto nos jogos.
O quadro abaixo identifica os neutralizadores e os interceptadores dos melhores times do Brasil e que atuam na liga nacional:

Todos os outro marcadores também merecem nosso respeito e admiração, pois eles se enquadram nos princípios mais elevados que todo treinador deseja para sua equipe. Não é fácil atingir com plenitude o plano bioenergético (velocidade, tempo de reação, resistência e força para manter essa luta, etc.), o plano biomecânico (técnica do controle defensivo, desarme em drible, ataque ao braço portador da bola, capacidade de intercepção, etc.), o plano psicológico (agressividade nas ações, combatividade, persistência, etc.) e o plano bio-relacional (quando decidir-se por uma forma ou outra de recuperação, que deslocamentos realizar para o conseguir, etc.) sem dedicação e empenho diário.
RECOMENDAÇÕES PARA OS TREINOS
A análise da performance das equipas que obtêm melhores resultados nas provas de elite permite descrever os padrões de jogo mais eficazes e neste sentido representa uma fonte de informação útil e pertinente para a intervenção do treinador no processo de treino.
Os resultados do estudo relacionados com as inferências sobre as particularidades da atividade defensiva das três equipes melhor classificadas no Campeonato Europeu de 2006 permitem deixar um conjunto de recomendações práticas para a organização do processo de treino:
•Dar ênfase particular ao aperfeiçoamento das capacidades individuais defensivas.
•Apostar no desenvolvimento de uma atitude antecipativa na defesa, crucial para a realização de ação de intercepção.
•Melhorar a comunicação entre os defensores na realização das trocas defensivas.
•Estimular uma atitude proativa em detrimento da expectadora na defesa, no sentido de tentar permanentemente provocar o erro do adversário.
•Aperfeiçoar a colaboração entre o goleiro e os defensores.
•Dedicar maior atenção ao trabalho específico do goleiro.
•Sistematizar a atuação da equipe na fase de recuperação defensiva, fazendo realçar a importância desta fase no processo de treino.
•Apostar nas ações que permitem prolongar a duração do Processo Defensivo, provocando a descontinuidade do ataque da equipe adversária.
Se quiserem aprender mais sobre defesa conversem mais com os treinadores experientes, eles não se recusarão a dar dicas importantes sobre o dia a dia dos treinamentos e sempre que possível façam cursos, capacitações e aumentem suas horas de estudos da modalidade, assim todos cresceremos juntos. Sucesso a todos.