segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O ensino da tática coletiva ofensiva-Tathy Krahenbühl

O ensino da tática coletiva ofensiva

8 Abril 2009 por Tathy Krahenbühl

Para uma introdução sobre a ação ofensiva no jogo de handebol é preciso entender um pouco sobre os conteúdos táticos coletivos, os quais se apresentam como uma coordenação ou auto-organização das ações dos jogadores, sejam elas de caráter individual ou coletivo, mas que geram uma representação coletiva dentro da estrutura ofensiva. Como exemplo, citamos as respostas as trajetórias, passe e vai, penetrações sucessivas, cruzamentos, cortinas, bloqueios…

Primeiramente para que as ações ofensivas e o treino específico para o ataque ocorram de forma eficiente é necessário que a equipe já tenha uma noção das ações defensivas, como coberturas, bloqueios, trocas, sistemas zonais de defesa, para que as ações ofensivas consigam ter um embasamento de acordo com a defesa imposta pelo adversário.

A ação ofensiva é muito dependente da leitura que a equipe e seus jogadores tem do jogo como um todo. Muitas das ações e respostas advem dessa interação entre ataque e defesa, e nas suas ações ofensivas a equipe deve estar preparada para as possíveis mudanças e estratégias adversárias.

Em um primeiro momento, nossos alunos aprendem que para atacar é necessário estar em posse da bola, porém é preciso especificar que não somente o possuidor da bola é o atacante, mas todos aqueles que fazem parte do grupo que está em ação ofensiva. Neste momento, os alunos precisam entender que grande parte das ações ofensivas dos jogadores do ataque ocorre sem a bola. Mas como fazer nossos alunos entenderem isso?

Segundo Anton (1998) algumas formas de ataque podem ser construídas durante o Jogo livre ou durante o Jogo dirigido (ou direcionado). No jogo livre, os alunos permitem-se atacar de forma mais criativa, e as respostas para as ações acontecem de acordo com as propostas e atitudes defensivas da equipe adversária, neste aspecto há o desenvolvimento da leitura, observação e criatividade. Já no jogo dirigido, as ações podem ser voltadas para o jogo posicional, circulante ou o “pré-fabricado”, voltado para as respostas possíveis durante as ações dos jogadores. Nestes processos de aprendizagem, com jogos livres e dirigidos há liberdade de criação, descoberta e reconhecimento dos diferentes conteúdos com relação mais próxima da competição e mais eficaz.

A seguir, um quadro proposto por MOLINA (2006, p.55) que reflete a estrutura para ensino através dos jogos ofensivos citados acima, as quais demonstram algumas formas para estruturar o treino cujo objetivo está focado na ação ofensiva de seus jogares, com suas vantagens e desvantagens (na visão do autor):

molina

Neste sentido, quando já estruturado as condições do jogo proposto para o treino em especifico, o professor pode criar situações nestes jogos em que as intenções táticas, meio e sistemas ofensivos possam estar presentes, fazendo com que os alunos possam passar de um princípio a outro mais facilmente, sempre em função dos acontecimentos.

Suas ações estarão baseadas tanto na ação individual como em colaboração coletiva, as quais irão desencadear um sistema de jogo e de organização tática, sem engessar a prática e a criatividade dos alunos.

Por exemplo, poderíamos ter um treino em que as ações ofensivas são “pré-fabricadas”, ou seja, há uma pré-determinação das ações, porém essa “determinação” não pode tirar do atleta a liberdade de modificar as ações de acordo com a leitura realizada através da observação do jogo. Uma maneira seria colocar objetivos diferentes, como entrar na área do goleiro para realizar um “touchdown”. Neste caso, regras como limitar o ganho do ponto somente quando há a entrada de corpo inteiro mais a bola na área reservada ao goleiro iria predestinar ações de infiltração no jogo, logo ficaria determinado as ações de penetração. Logo, o jogo é definido para a ação ofensiva a qual pretende-se trabalhar, sem que a imprevisibilidade deixe de estar presente na atividade.

Ou então, podemos usar o jogo posicionado e o jogo livre na mesma aula. Primeiro poderíamos fazer em um espaço reduzido, definido com cones e a ação ofensiva sendo unilateral, ou seja, um jogo de 3×3 mais o goleiro, onde um terceto só ataca e o outro só defende, e após um tempo determinado a situação se inverte. Nesta parte, o professor irá atuar orientando as trajetórias e respostas, bem como colocando situações possíveis de acontecer durante o jogo, além das próprias situações geradas pelo jogo em si. Após esta orientação e focalização do treino para as diversas situações problemas que possa existir, a aula volta-se para o jogo livre, onde permanece o 3×3, com o espaço lateral de quadra um pouco reduzida, porém com a estrutura de ataque, transição e defesa livres para que os jogadores possam vivenciar as ações de forma mais autônoma.

Enfim, a tática é trabalhada com atividades que se aproximem ao máximo da execução final do jogo, ou seja, da situação de competição, pois é nesta situação que todo o aprendizado do aluno será aplicado, que todo o seu sistema de lógica do jogo será formado, e para que isso ocorra de maneira eficiente as ações táticas individuais e coletivas precisam estar o mais aproximado possível (dentro dos níveis de referencia do aprendizado de cada turma ou categoria) do jogo formal.